quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Mais um dia...

... e a vida vai seguindo... hora após hora, à passos largos e lentos. As horas teimam em não passar. Nem sei mais à quantas andam o meu coração. Está reservado, silencioso, contido, tentando apenas cumprir sua função de bombear sangue para o resto do corpo e mantê-lo vivo, respirando. Sou um corpo de alma morta que respira, apenas. O dia avança... as horas avançam e o engasgo também! Cantar... ah, cantar... uma atividade que me dá tamanho prazer e me transporta para fora de mim, me transporta para outro mundo! Mas estou com um fogo na boca do estômago. Meu corpo está cansado, sem forças, minha voz e meus gritos internos me sufocam e nem cantar mais consigo. Até canto, mas é um corpo de alma morta que respira, apenas! O dia finalmente findou. Descanso. Volto sozinha para o lugar que um dia foi nosso. Necessito esconder-me no meu quarto escuro, debaixo dos meus lençóis embalada apenas pelo som da rua e do ventilador. O fogo na boca do estômago incomoda. Adormeço. Paz! A porta se abre. Prendo a respiração. Não me movo. Acordada, mas finjo estar dormindo. Ele se aproxima e meu corpo reage. Susto... dúvidas... desassossego... controle! Sinto uma mão, outrora muito conhecida e quente percorre todo o meu corpo... seu hálito com cheiro de cerveja aquece meu pescoço. Ele me toca como à muito não tocava. Interesse, talvez? Saudades? Não me movo. Meu corpo petrificado para de respirar... medo, apreensão, excitação. Minha cabeça, corpo e coração começam a travar uma batalha. Entrego ou não me entrego? Entrego ou não me entrego? Não, não... Não se entregue! Não se entregue! Não se... E ele se vai... Se vai... E eu mais uma vez fico sozinha, no meu quarto escuro, debaixo dos meus lençóis, respiração ofegante, coração acelerado, boca do estômago queimando e cabeça sem entender. Não se entregue! Adormeça e esqueça! Esqueça... e siga. Amanhã será mais um dia!

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