sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Balanço

Esse ano foi incrível pra mim. Foi um ano de fracassos, decepções, cansaços... Foi o ano que nasceu um grande amor e morreu outro. Termino esse ano extremamente diferente do que comecei. Não imagino quão forte sou depois de passar por tudo que passei.  Não preciso e nem quero ganhar troféu algum por isso. Durante esses 365 dias, vivi coisas boas e ruins. As boas me trouxeram ganhos inestimáveis. Me aproximei mais da minha família: realmente, na hora da dificuldade, a família é a única que te ampara de todas as formas; ganhei uma melhor amiga, a irmã com quem mais batia de frente na adolescência; ganhei carinho e afeto de pessoas que até então nem eram tão chegadas; ganhei mais uns fios brancos e percebi o quanto envelheci fisicamente. Fui anulada, sabotada, quase extinta profissionalmente. Este ano levou tudo que construí durante anos com meu trabalho e vai demorar anos pra me recuperar dos rombos que ficaram. Voltei a ficar de pé à beira do abismo, da incerteza de anos atrás. Foi um ano em que a morte bateu em minha porta várias vezes e foi mais assustador do que ter tido um derrame. Foi o ano da maior experiência da minha vida: parir, sentir as dores do parto, ser mãe, ter minha tão sonhada filha em meus braços e tudo que isso significa. Não tenho palavras pra explicar... só sei sentir. Voltei a me conectar com Deus... única fonte de alento, o verdadeiro amigo que me amparou em todos os momentos. Não teria sobrevivido sem ele. Não teria. Foi um ano realmente incrível! Um ano de esperanças vãs, de muitas lágrimas, de muitos sonhos desfeitos e de descrença no ser humano.  Vivi um dia após o outro e sempre tinha medo de viver o dia seguinte. Mas sobrevivi. Não me reconheço quando me olho no espelho, não mesmo! Tenho 38 anos, mas o reflexo me apresenta uma senhora de 50! Talvez nem seja o físico que tenha envelhecido. Talvez tenha sido a minha alma, essa sim, certamente envelheceu ou amadureceu mais ainda. 

E aqui estou aqui pra fazer esse melancólico balanço desse que foi um dos piores anos da minha vida até agora! Com uma única ressalva: a chegada da Teodora na minha vida. Foi um ano incrível e será certamente inesquecível. Que venha 2018! Estou de peito aberto, pronta pra tudo que vier!

sábado, 16 de dezembro de 2017

Semelhança

 – Ela é a cara do pai!
Essa é a frase que mais escuto diariamente. Escuto de pessoas que nos conhecem, de pessoas que conhecem só a mim e escuto isso até de pessoas que nunca te viram! De início não me importava essa chuva de comparação, mas agora me incomoda um pouco. Dou apenas um sorrisinho bem amarelo pra disfarçar o incômodo. Não é pelo fato dela parecer contigo. Eu concordo. Ela se parece muito com você... mais do que comigo. O fato é que, essas comparações, me fazem lembrar de você.

De você, que ainda tento esquecer; de você que ainda aparece nos meus sonhos quase todas as noites; de você, que ainda me sufoca de saudade e tristeza; de você, que até seu nome aparece em tudo que vejo, leio ou assisto. Ando encurralada de todos os lados.


– Nossa, é mermim que tá vendo ele!
Eu sei. Durmo e acordo com ela todos os dias! Minha mãe sempre diz que quando um filho nasce a cara do pai, é por que a mãe o amava muito na hora de fazer. Deve ser por isso que ela é tão parecida com você. E ela é! Não só nos traços físicos. A cabeça não nega, rsrs. Ela se parece também no jeito. Sabia que ela dorme do mesmo lado que você, sobre o lado esquerdo? Sabia que ela mastiga a língua enquanto dorme igual você mastigava? Sabia que ela toma todo o espaço na cama, me deixando sempre no cantinho? Sabia que ela, mesmo com aquele corpinho, toma todo o lençol pra si em apenas uma virada de corpo? E o mais impressionante: quando nos amávamos, ao final, você sempre virava pra dormir, me dando as costas... Ela faz o mesmo. Simplismente, sem cerimônia alguma, se vira após mamar, me deixando no vácuo da saudade de sua atenção. As mesmas mãos, expressivas e cheias de vida. Até a bunda parece! E o olhar... é assustador quando ela expressa o mesmo olhar desconcertado com uma leve tristeza que o seu. Você sabia de tudo isso? E as evoluções diárias? O simples ato de comer pela primeira vez, foi um acontecimento incrível. Não gostou muito de maçã, mas como uma boa brasileira, adorou uma banana. E ela já balbucia as primeiras palavras... Já chama por mãmã quando me quer... Adora sair de casa. E é esperta, inteligente, doce, simpática, carinhosa, geniosa... Você sabia de tudo isso? Não! Você não sabe e nem vai saber. E já que começa a engatinhar, andar, dançar... E você não estará aqui pra ver. Você é ausente.

Tão parecidos, mas tão distantes. Tamanha semelhança entre duas pessoas que nem se conhecem. Ambas perdem com isso, mas você perde mais. O amadurecimento é diário. O crescimento é rápido mesmo, como dizem. O tempo não volta. As referências serão infinitas e você não será uma delas. Você já não é. Ela não chora nos braços de ninguém, só nos seus, sabia? Você é ausente desde quando foi anunciada a chegada dela. Ela sabe disso, ela sempre soube. A vida dela é um livro em branco e que as páginas estão sendo preenchidas... Você não completou nem meia página.

Apesar de tudo, ela tem à mim, que serei tudo que ela quer que eu seja, que darei tudo que ela precisa. Isso já basta. Eu e ela pra sempre.

E te digo: não existe coisa melhor no mundo que é estar perto da cria.
Sim, o amor incondicional existe!









terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Sonetinho

O peito cheio carrega
Uma teia de sentimentos
Marcadas em azul esverdeado
Algo que se leva guardado

O peito cheio carrega
Translúcido, doce, quentinho
Tudo que coloco de carinho
No corpo em que meu corpo se apega

Somos duas, sem metade
Mulheres, unha e carne
Alma, alegria e verdade

Guerreiras de uma só luta
Meu bebê vai crescer
E linda sempre vai ser



Riscos

Os poros do corpo transpiram
Dor, clamor e saudade
De algo que um dia
Foi amor

Os poros do corpo transpiram
Saliva, suor e lágrima
Salgada que saltam dos olhos
E molham toda a saia
Que apara sonhos desfeitos

Os poros do corpo transpiram
Poesia que corre dos dedos
E riscam essas folhas
Que talvez deem jeito
De consertar o que não tem conserto

Amor desfeito
Dor, clamor e saudade
De algo que um dia foi
E não mais é de verdade


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Risorada

A-Ha-Ha
É assim que se escreve
O riso que vem de dentro

A- Ha-Ha
É assim que se deve
Levar a vida daqui pra frente

A-Ha-Ha
Como diz um cara acolá
"Tudo passa, tudo passará"

A-Ha-Ha
Tô aqui, ó?
E quer saber?

Foda-se
E-He-He