quarta-feira, 6 de maio de 2009

Oceano de Pedra

20 horas e 10 minutos...
No claro da noite escura, a cegueira proposital me incomoda: óculos escuro! Estou sentada num banco da pracinha em frente a Igreja de Fátima... Na aparente indiferença dos transeuntes, estou em grande exposição e rodeados de sinais de curiosidades, pois nesta ação estão mais sete pessoas.
"Vocês estão tão bonitinhos!" diz uma mulher nos entregando os seus panfletos.
Da interferência externa muito barulho, movimento, olhares desconfiados; na minha interferência interna, sinto um leve desconforto.
"Isso é um protesto?" pergunta-nos um senhor.
A rua me dá medo e curiosidade. Ao olhar para a cruz no topo da igreja por um momento cheguei a me perder naquela imensidão. Mas era somente uma praça. Tenho a ânsia de me apropriar desse lugar.
Os óculos, que a pouco me incomodava, não incomoda mais... mas me priva de ver profundamente a essência da rua, suas belezas mais escondidas...
20 horas e 42 minutos.
Para mim a rua se iguala ao oceano: é perigoso, misterioso, encantador e por mais sábio, mais viajado e mais experiente marinheiro você seja, jamais, em sua vida, conseguirá desvendar seus segredos e navegar por seu total território!

sábado, 2 de maio de 2009

Qual é o som da sua vida?


Desde o primeiro início da vida, vivemos rodeados de sons: naturais, mecânicos, guturais, feios, bonitos, agradáveis, desagradáveis, altos, baixos...
Meus pais, no ato da minha concepção, talvez estivessem escutando uma música no rádio. Bem, se eles tivessem na época grana pra encarar um motelzinho, com certeza o meu início de vida teria sido embalado por uma música bem brega!
Minha infância foi embalada por milhões de músicas diferentes: as que minha mãe cantava; a que a minha professora de jardim de infância cantava pra fazer-nos dormir depois do almoço sempre acompanhada com uma balinha colorida em forma de astronauta (eu nunca dormia, mas me lembro com clareza a melodia e a forma doce com que ela cantava para nos acalentar... fui vencida por ela uma vez!); músicas da Xuxa, Mara Maravilha, Balão Mágico, Trem da Alegria... Muitas... tão nostálgicas.
Mas a música nem sempre faz a pessoa... ela não me faz! Escolho uma música que de parecido não tem em nada com as que me rodearam na infância: "Question" da banda System of a Dowm. Rock pesado, violento, possuidor, destruidor, envolvente... A letra não importa. O som, a batida, a força, sim. E sinto tudo isso quando a escuto...
Minha vida, que há muito não é de infância, sente isso também. É desse sentimento que quero falar... Esse é o som da minha vida!