sábado, 16 de dezembro de 2017

Semelhança

 – Ela é a cara do pai!
Essa é a frase que mais escuto diariamente. Escuto de pessoas que nos conhecem, de pessoas que conhecem só a mim e escuto isso até de pessoas que nunca te viram! De início não me importava essa chuva de comparação, mas agora me incomoda um pouco. Dou apenas um sorrisinho bem amarelo pra disfarçar o incômodo. Não é pelo fato dela parecer contigo. Eu concordo. Ela se parece muito com você... mais do que comigo. O fato é que, essas comparações, me fazem lembrar de você.

De você, que ainda tento esquecer; de você que ainda aparece nos meus sonhos quase todas as noites; de você, que ainda me sufoca de saudade e tristeza; de você, que até seu nome aparece em tudo que vejo, leio ou assisto. Ando encurralada de todos os lados.


– Nossa, é mermim que tá vendo ele!
Eu sei. Durmo e acordo com ela todos os dias! Minha mãe sempre diz que quando um filho nasce a cara do pai, é por que a mãe o amava muito na hora de fazer. Deve ser por isso que ela é tão parecida com você. E ela é! Não só nos traços físicos. A cabeça não nega, rsrs. Ela se parece também no jeito. Sabia que ela dorme do mesmo lado que você, sobre o lado esquerdo? Sabia que ela mastiga a língua enquanto dorme igual você mastigava? Sabia que ela toma todo o espaço na cama, me deixando sempre no cantinho? Sabia que ela, mesmo com aquele corpinho, toma todo o lençol pra si em apenas uma virada de corpo? E o mais impressionante: quando nos amávamos, ao final, você sempre virava pra dormir, me dando as costas... Ela faz o mesmo. Simplismente, sem cerimônia alguma, se vira após mamar, me deixando no vácuo da saudade de sua atenção. As mesmas mãos, expressivas e cheias de vida. Até a bunda parece! E o olhar... é assustador quando ela expressa o mesmo olhar desconcertado com uma leve tristeza que o seu. Você sabia de tudo isso? E as evoluções diárias? O simples ato de comer pela primeira vez, foi um acontecimento incrível. Não gostou muito de maçã, mas como uma boa brasileira, adorou uma banana. E ela já balbucia as primeiras palavras... Já chama por mãmã quando me quer... Adora sair de casa. E é esperta, inteligente, doce, simpática, carinhosa, geniosa... Você sabia de tudo isso? Não! Você não sabe e nem vai saber. E já que começa a engatinhar, andar, dançar... E você não estará aqui pra ver. Você é ausente.

Tão parecidos, mas tão distantes. Tamanha semelhança entre duas pessoas que nem se conhecem. Ambas perdem com isso, mas você perde mais. O amadurecimento é diário. O crescimento é rápido mesmo, como dizem. O tempo não volta. As referências serão infinitas e você não será uma delas. Você já não é. Ela não chora nos braços de ninguém, só nos seus, sabia? Você é ausente desde quando foi anunciada a chegada dela. Ela sabe disso, ela sempre soube. A vida dela é um livro em branco e que as páginas estão sendo preenchidas... Você não completou nem meia página.

Apesar de tudo, ela tem à mim, que serei tudo que ela quer que eu seja, que darei tudo que ela precisa. Isso já basta. Eu e ela pra sempre.

E te digo: não existe coisa melhor no mundo que é estar perto da cria.
Sim, o amor incondicional existe!









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